sábado, 19 de novembro de 2011

Saucha - Primeiro Niyama













É traduzido como limpeza, pureza e não deve ser limitado ao nível físico, mas levado a todos os outros níveis, tais como, mental, intelectual e espiritual.
A pureza do corpo é essencial ao bem-estar. Enquanto bons hábitos como o banho purificam o corpo externamente, na prática do yoga existem várias ferramentas (asanas, pranayamas, kriyas, mudras, bandhas  e meditação),que podem ser utilizadas para purificar o físico e também as energias mais sutís.
A prática de asanas tonifica o corpo e remove as toxinas e impurezas causadas pelos excessos. O pranayama limpa e areja os pulmões, oxigena o sangue e purifica os nervos. Kriyas são técnicas que propõem a limpeza do corpo físico e também a limpeza do corpo energético. Os mudras estão ligados ao fluxo das energias mais sutis, e fazem correspondência com o corpo físico, principalmente através dos sistemas endócrino e nervoso. Produzem efeitos fisiológicos e psíquicos benéficos, proporcionando a saúde psicossomática, o equilíbrio dinâmico e a harmonia interna. Bandhas são fechos  utilizados na prática de vários pranayamas e asanas para tonificar, limpar e energizar o interior do corpo e os órgãos.  A meditação organiza a mente.

Mais importante que a limpeza física do corpo é a limpeza da mente de suas emoções perturbadoras como o ódio, a paixão, a ira, a luxúria, a cobiça, a ilusão e o orgulho. Ainda mais importante é a limpeza do intelecto (buddhi) de pensamentos impuros. As impurezas da mente são lavadas nas águas de bhakti (a devoção). As impurezas do intelecto ou da razão são queimadas no fogo de svadhyaya (estudo do Eu). Essa limpeza interior traz luz e alegria. Traz a benevolência (saumanasya) e expulsa a dor psicológica, o desânimo, a tristeza e o desespero (daurmanasya). Quando somos benevolentes, vemos as virtudes dos outros e não apenas suas faltas. O respeito que mostramos pelas virtudes alheias faz com que nos respeitem da mesma forma e ajuda-nos a combater nossas próprias mágoas e dificuldades. Quando a mente é lúcida, é fácil torná-la concentrada (ekagra). Com a concentração obtém-se o domínio sobre os sentidos (indra-jaya). Então a pessoa está pronta para entrar no templo do seu próprio corpo e para ver seu verdadeiro “eu” no espelho da mente.

Além da pureza de corpo, de pensamento e de palavra, a alimentação pura também é necessária.  À parte a higiene na preparação da comida, é também importante observar a pureza na maneira de ingeri-la. Olhar a comida de forma sagrada. Isto a torna pura. A comida deve ser ingerida para promover saúde, força, energia e vida. Deve ser simples e nutritiva. O nosso caráter é moldado pelo tipo de comida que comemos e pelo modo como nos alimentamos.

 Atualmente podemos vivenciar saucha na luta contra os alimentos geneticamente modificados, nos esforços de todos para manter a sustentabilidade do meio ambiente, controle da poluição das águas, do ar e tudo mais, e assim recuperarmos a pureza e a beleza do nosso planeta.

Sem pureza de corpo e mente, a clareza nos escapa. Utilizar formas simples para limpar as nossas energias a cada dia nos ajuda a eliminar os obstáculos que não podemos ver. Praticar saucha é uma forma de aumentar a nossa consciência e espiritualizar nossa vida cotidiana.

A transparência que cultivamos em saucha nos permite refletir o divino de forma mais completa em todos os nossos relacionamentos.  Vale a pena o esforço para encontrarmos um tempo no nosso dia para a prática da observância de saucha e expressar gratidão por nossa capacidade de fazê-la.



Fonte: A Luz do Yoga – B.K.S.Iyengar;   Swami Shraddhananda (Maureen Dolan)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Meditação do Cigarro



Um homem veio a mim. Ele sofria do vício de fumar há trinta anos; ele estava doente e os médicos disseram: "Você nunca ficará bom se não parar de fumar." Ele era um fumante crônico e não conseguia parar. Mas ele tentou, tentou arduamente e sofreu muito tentando. Conseguia por um ou dois dias, mas então a necessidade de fumar vinha tão forte que simplesmente o vencia. Novamente ele caía no mesmo esquema.

Por causa disso, ele perdeu toda a autoconfiança; sabia que não podia fazer nem essa pequena coisa: parar de fumar. Ele se desvalorizou diante de si mesmo;
considerava-se a pessoa mais sem valor do mundo. Não tinha mais respeito por si mesmo. E assim, ele veio a mim.

Ele disse: "O que posso fazer? Como posso parar de fumar?" Eu lhe disse: "Você tem que entender. Agora, fumar não é apenas uma questão de decisão. É algo que já entrou no seu mundo de hábitos; já se enraizou. Trinta anos é um longo tempo. Esse hábito tem raízes no seu corpo, na sua química, espalhou-se em você.
Não é mais apenas uma questão de decidir com a cabeça; sua cabeça não pode fazer nada. Ela é impotente; pode começar coisas, mas não pode pará-las facilmente. Uma vez que você começou e praticou por tanto tempo, você é um grande iogue - trinta anos de prática em fumar! 
Já se tornou automático; você tem que desautomatizar isso." Ele perguntou: "O que você quer dizer por desautomatizar?"

É nisto que consiste toda a meditação: na desautomatização
.
Eu lhe disse: "Faça uma coisa:
esqueça tudo sobre parar de fumar. Não há necessidade. Por trinta anos você fumou e viveu; é claro que foi um sofrimento, mas você se acostumou a ele também. E o que importa se você morrer algumas horas antes do que morreria sem fumar? O que você vai fazer aqui? O que você fez? Então, qual a importância em morrer na segunda, na terça ou no domingo, neste ou naquele ano - que importa?"

Ele disse: "Sim, isso é verdade; não importa".


Então eu disse: "Esqueça tudo sobre parar de fumar; não vamos parar absolutamente. Ou melhor,
vamos compreender isso. Assim, da próxima vez, faça do fumar uma meditação".

Ele disse: "Do fumar uma meditação?" Eu disse: "Sim. Se as pessoas zen podem fazer do beber chá uma meditação, uma cerimônia,
por que não com o cigarro? Fumar também pode ser uma bela meditação".

Ele ficou impressionado e disse: "O que você está dizendo? Meditação? Conte-me - nem posso esperar!"


Então dei a meditação para ele: "Faça uma coisa. Quando pegar o maço de cigarros do seu bolso, pegue-o bem lentamente. Curta, não há pressa.
Fique consciente, alerta, atento; pegue lentamente com atenção total. Então, tire um cigarro do maço com toda a atenção, lentamente, não da velha maneira apressada, inconsciente, mecânica. Depois, comece a bater o cigarro no maço, atentamente. Escute o som, como fazem as pessoas zen quando o samovar começa a cantar e o chá começa a ferver... e o aroma... Então cheire o cigarro e sinta sua beleza..."

O homem disse: "O que você está dizendo? A beleza?"


"Sim, ele é belo. O tabaco é tão divino quanto qualquer outra coisa. Cheire-o; é o cheiro de Deus".


O homem ficou um pouco surpreso: "O que!
Você está brincando?"

"Não, não estou brincando.
Mesmo quando brinco, não brinco. Sou muito sério."

Então, ponha o cigarro na boca, com toda a atenção, e acenda-o. Curta cada ato, cada pequeno ato e divida-o em muitos pequenos atos para que você possa tornar-se
o mais alerta possível.

Dê a primeira tragada: Deus em forma de fumaça. Os hindus dizem, "
Annam Brahm" - "Comida é Deus". Por que não a fumaça? Tudo é Deus. Encha profundamente seus pulmões - isto é pranayam. Estou lhe dando uma nova ioga para um novo tempo! Depois, solte a fumaça, relaxe; dê outra tragada - e faça tudo bem devagar...

Se você puder fazer isso. ficará surpreso;
logo verá toda a estupidez disso. Não porque os outros estão lhe dizendo que é estúpido, que é ruim. Você o verá; e não apenas intelectualmente, mas a partir de seu ser total; será uma visão da sua totalidade. E então, um dia, se o vício desaparecer, desapareceu; se continuar, continuou. Você não tem que se preocupar com isso."

Depois de três meses, o homem voltou e disse: "Ele desapareceu!"


"Agora, eu disse, tente isso com outras coisas também".


Este é o segredo,
o segredo: desautomatizar. Andando, ande devagar, atentamente. Olhando, olhe cuidadosamente e você verá que as árvores estão mais verdes do que nunca e as rosas estão mais rosas do que nunca. Escute! Alguém está falando, sussurrando: ouça atentamente. Quando você falar, fale atentamente. Deixe que toda a sua atividade de despertar torne-se desautomatizada.

Fonte: O livro Orange "OSHO"

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lenda oriental














Conta uma lenda popular do Oriente que um jovem chegou a beira de um oásis junto a um povoado , aproximou-se de um velho e perguntou-lhe: "Que tipo de pessoa vive neste lugar?"

"Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?", perguntou por sua vez o ancião. "Oh, um grupo de egoístas e malvados.", replicou o rapaz. "Estou satisfeito de haver saído de lá."

A isso, o velho replicou: "A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui." No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião, perguntou-lhe:
"Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?" O rapaz respondeu: "um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las." "O mesmo encontrará por aqui.", respondeu o ancião.

Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho: "Como é possível dar respostas tão diferentes a mesma pergunta? Ao que o velho respondeu:
"Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares onde passou, não encontrará outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter o controle absoluto.

MORAL DA HISTÓRIA: Coloque dentro de você a idéia do sucesso. O primeiro requisito essencial a todo homem para encontrar vida digna de ser vivida é ter uma atitude mental positiva.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Desacelerar

Na maioria das vezes somos julgados na vida pela rapidez com que podemos fazer as coisas. Devido a isso, é difícil desenvolver a mentalidade oposta: uma desaceleração.
As aulas de yoga começam com um momento de adaptação entre a vida fora e dentro da sala de prática. Assim, os alunos podem simplesmente tomar consciência da sua respiração, a fim de preparar-se mental , física e espiritualmente para a aula. Para alguns, esse processo de desaceleração é extremamente difícil. Continuamente correndo de uma atividade para outra, muitas pessoas são aceleradas e impacientes, o que torna quase impossível relaxar e ficar centrado.
Se isto acontece com você, pergunte-se: Estou correndo porque estou sob estresse ou estou sob pressão porque eu estou correndo? É sempre necessário tanta pressa? Você seria capaz de viver a sua vida com a mesma eficácia em um ritmo mais lento? Em caso afirmativo, tome algumas pequenas medidas para reduzir o seu ritmo, um dia de cada vez.


Fonte: Yoga journal.com

Niyamas

Pureza, Contentamento, Austeridade, Auto-estudo e Auto-entrega constituem as observâncias internas, conduta pessoal. Sutra II -32 - Sutras de Patanjali -
Enquanto os  Yamas  se caracterizam por serem práticas morais e proibitivas, os Niyamas são práticas disciplinares e construtivas. 
São regras para orientar as nossas observações a nivel interno e que visam a organização de nossa vida pessoal.

Saucha - Limpeza, pureza
Santocha - Contentamento
Tapas - Disciplina, austeridade
Svadhyaya - Estudo de si mesmo, auto conhecimento
Isvara Pranidhana -Entrega ao Divino, devoção