sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aparigraha - Quinto yama














Não ser possessivo. Não acumular objetos de que não necessite. Ter somente o necessário para a manutenção da vida. Não ser escravo do que possui.
É importante realçar que não é a quantidade de coisas que nos rodeia o que importa, mas sim, nossa atitude em relação a elas. Podemos possuir poucas coisas e ter um instinto muito forte de possessividade e por outro lado, nadarmos em dinheiro e, ainda assim, estar livres de qualquer sentimento de posse. É importante para a prática de aparigraha a garantia de um estado mental livre de apegos. Na realidade precisamos ter consciência de que só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir.


Uma ilustração para um maior entendimento de Desapego
Um cidadão fez voto de desapego e pobreza. Dispôs de todos os seus bens e propriedades, reservou para si apenas duas tangas, e saiu Índia afora em busca de todos os sábios, medindo na verdade o desapego de cada um. Levava apenas uma tanga no corpo e outra para troca, se necessário.
Estava convencido de não encontrar quem ganhasse de si em despojamento, quando soube de um velho guru, bem ao norte, aos pés do Himalaia. Tomando as direções, parte ao encontro do velho sábio.
Quando lá chegou, tristeza e decepção! Encontrou terras bem cuidadas, um palácio faustoso, muita riqueza, muita pompa. Indignado, procura pelo guru. Um velho servo lhe diz que ele está em uma ala dos magníficos jardins com seus discípulos, estudando desapego. Como era costume da casa ter gentileza para com os hóspedes, o servo convida o andarilho para o banho, repouso e refeição, antes de se dirigir à presença do sábio.
Achando tudo muito estranho, o desapegado aceita a sugestão. Toma um bom banho, lava sua tanga usada, coloca-a para secar no quarto e sai em busca do guru. Completamente injuriado, queria contestar e desmascarar aquele que julgava um impostor, pois em sua concepção desapego não combinava com posses. Aproxima-se do grupo, que ouve embevecido as palavras do mestre e fica ruminando um ardil para atacar o guru, quando, correndo feito um doido, chega um dos serviçais gritando:
- Mestre, mestre, o palácio está pegando fogo, um incêndio tomou conta de tudo. O senhor está perdendo uma fortuna! O sábio, impassível, continua sua prédica. O desapegado viajante das duas tangas dá um salto e sai em desabalada carreira, gritando:
- Minha tanga, minha tanga, o fogo está destruindo minha tanga...

Oásis

Conta uma popular lenda do Oriente Próximo, que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive neste lugar ?
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ? - perguntou por sua vez o ancião.
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - estou satisfeito de haver saído de lá.
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui –replicou o velho.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive por aqui?
O velho respondeu com a mesma pergunta: - Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?
O rapaz respondeu: - Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
- O mesmo encontrará por aqui - respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
- Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta?
Ao que o velho respondeu :
- Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Brahmacharya - Quarto Yama


Significa “Caminhar para Brahma”. Viver com o sagrado.


Não deve ser entendido apenas como celibato e abstenção de relações sexuais mas também como  levar uma vida pura e isenta de promiscuidades, em desapego aos prazeres materiais e voltada à prática, (ao sádhana). A sua aplicação nos libera das muitas formas de manifestação dos desejos, sejam eles sexuais ou não. O prazer normalmente está ligado a uma sensação. O problema não está em ter a sensação, mas sim no ansiar pela repetição das experiências que envolvem sensações que causam prazer. É o desejo (kama) que perturba a mente e cria samskaras e não a sensação em si mesma. Só se pode atingir essa condição de desapego, após severa autodisciplina e uma renuncia a todos os tipos de objetos que dão prazer. Brahmacharia implica em ser parcimonioso nas nossas ações (no comer, no beber, no sexo, nos prazeres, nas angustias, etc). Portanto devemos evitar o excesso físico ou emocional. Enfim Brahmacharia significa moderação, ou seja, total controle do corpo, da mente e dos sentidos.


Parábola do Pombo que não comia

Certa vez um caçador de pássaros apanhou uma boa quantidade de pombos e, já em casa, trancou-os num enorme pombal, guarnecido é claro por forte tela de segurança.
Os pombos, de imediato, tentavam espremer-se através dos espaços da tela, procurando alcançar a liberdade.
Mas, eram bem maiores que a trama e tiveram que aceitar sua sorte! Todos os dias o tratador vinha alimenta-los, oferecendo-lhes grãos em abundância para que logo engordassem, quando seriam sacrificados e, em seguida, vendidos no mercado.
Todos os pombos comiam cheios de apetite, sem se dar conta de que quanto mais comessem mais engordavam, e quanto mais engordassem mais próximos de sua destruição estavam. Apenas um dos pombos percebeu a situação e se absteve da comida. Quanto mais dias se passavam, mais emagrecia.
Tão magro ficou que, certa manhã, infiltrou-se pela trama, passou ao outro lado e, sorrateiro, fugiu!
E agora, que foi feito dos outros? Aos poucos foram levados para o mercado!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Diwali -" Festival das luzes " - Celebração da vitória do bem sobre o mal, o triunfo da luz sobre as trevas


Diwali (também escrito Devali em certas regiões) ou Deepavali, popularmente conhecido como "Festival das luzes", é celebrado em noite de lua nova entre meados de outubro  e
meados de novembro por diferentes motivos.
Muitas são as histórias por trás do Deepavali e a forma de celebração varia de região para região (fogos de artifício festivo, a adoração, as luzes, a partilha de doces). No entanto a essência é a mesma -  alegrar-se na Luz Interior (Atman) ou na realidade subjacente de todas as coisas (Braham).
Para os hindus, Diwali é um dos festivais mais importantes do ano e é comemorado em familia através da realização da atividades tradicionais em suas casas.
Para jainistas, Diwali marca a realização de moksha(libertação) ou nirvana.
Deepavali é um feriado oficial na India, Nepal, Sri lanka, Mainmar, Mauritius, Guiana, Trinidad & Tobago, Suriname, Malásia, Singapura e Fiji.
O nome de "Diwali" é uma contração de "Deepavali" (em sânscrito:दीपावली Dipavali), que se traduz em "linha de lâmpadas".  Diwali envolve a iluminação de pequenas lâmpadas de barro (diyas ou dipas) em sânscrito: दीप) (preenchido com óleo) que significa o triunfo do bem sobre o mal.
Durante o Diwali, todos os celebrantes vestem roupas novas, compartilham doces e lanches com os familiares e amigos e lançam fogos de artifício o que o converte num evento religioso que simboliza a destruição das forças do mal.
O primeiro dia do festival é denominado Dhanteras (Dhan significa riqueza) e marca o inicio do ano financeiro para os negociantes indianos.   
No segundo dia do festival, Naraka Chaturdasi,  é comemorado a derrota do demônio Naraka pelo Senhor Krishna e sua esposa Satyabhama.

O terceiro dia do Diwali, Amavasya,  marca a adoração à Laksmi, deusa da riqueza na sua manifestação mais benevolente, cumprindo os desejos de seus devotos. Amavasya também conta a história de Senhor Vishnu, que em sua encarnação de anão (Vamana) derrotou Bali  (rei dos demônios e do mundo). Seu poderoso reino havia se transformado numa ameaça aos Devas que apelaram a Vishnu  para que os socorressem, esse deportou o demônio para Patala.
Porém Vishnu concede a Bali a oportunidade de vir à terra uma vez ao ano, para trazer ao mundo a sua sabedoria iluminando milhares de lâmpadas para dispersar a escuridão da ignorância e espalhar a radiação do amor e da compaixão.
O quarto dia do Diwali, Kartika Shudda Padyami, marca a coroação do rei Vikramaditya (literalmente sol da coragem) que foi para Patala e tomou as rédeas do seu novo reino lá.
O quinto dia é conhecido como Yama dvitiya (também chamado Bhai Dooj), representa o amor entre irmãos. Neste dia as irmãs convidam seus irmãos para seus lares onde são feitas trocas de doces e presentes e os brindam com o tilak (marca aplicada no ponto entre as sobrancelhas (terceiro olho ou olho espiritual).O tilak pode ser de pasta de sândalo, de kumkum (pó vermelho), de açafrão e de cinzas. Cada um tem um significado.
  • Sandalo - calma, tranquilidade e pureza
  • Kumkum - poder,vigor,dinamismo e estabilidade
  • Açafrão - riqueza, fortuna, prosperidade e opulência
  • Cinzas - devoção, dedicação, e cometimento

A data do Diwalli é móvel  e baseada no calendário luni-solar hindu.
Em 2010 aconteceu  no dia 05 de novembro, neste ano (2011) acontece no dia 26 de outubro e em 2012 a data cairá em 13 de novembro.
Podemos comemorar o Diwalli  em nossas casas, deixando-as iluminadas  com pequenas velas ou mesmo com as luzes acesas. Devemos elevar os nossos pensamentos à Lakshmi.
Acredita-se  que hoje a Deusa Lakshmi, da riqueza e da prosperidade, visita e abençoa as casas limpas e bem iluminadas.
 
 "OM SRI MAHA LAKSHMIAYA NAMAH"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Apenas duas palavras

Havia um certo monastério Soto Zen que era muito rígido. Seguindo um estrito voto de silêncio, a ninguém era permitido falar. Mas havia uma pequena exceção a esta regra: a cada 10 anos os monges tinham permissão de falar apenas duas palavras. Após passar seus primeiros dez anos no monastério, um jovem monge foi permitido ir ao monge Superior.
"Passaram-se dez anos," disse o monge Superior. "Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?"
"Cama dura..." disse o jovem.
"Entendo..." replicou o monge Superior.
Dez anos depois, o monge retornou à sala do monge Superior.
"Passaram-se mais dez anos," disse o Superior. "Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?"
"Comida ruim..." disse o monge.
"Entendo..." replicou o Superior.
Mais dez anos se foram e o monge uma vez mais encontrou-se com o seu Superior, que perguntou:
"Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer, após mais estes dez anos?"
"Eu desisto!" disse o monge.
"Bem, eu entendo o porquê," replicou, cáustico, o monge Superior. "Tudo o que você sempre fez foi reclamar!"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Asteya - Terceiro yama


Não roubar. Não invejar ou cobiçar o que é de outro. Não se apropriar do que não te pertence. Devemos considerar não roubar como também não se apropriar de algo sem a permissão do dono, usar alguma coisa além do tempo permitido ou usá-la para um propósito diferente daquele para o qual foi concebido. O roubo pode ser de amizades, idéias, tempo, prestígio, oportunidades. Para praticarmos Asteya devemos antes de mais nada,  sermos honestos com nós mesmos e  também com as outras pessoas.



 










O ladrão e o rei

Uma vez, um ladrão quis aprender Yoga. Foi visitar um mestre e disse-lhe que queria praticar, mas que era ladrão, bêbado e mentiroso. O mestre falou dos yamas e niyamas, e disse que, para começar, deveria escolher um yama ou um niyama e ater-se a ele. O ladrão pensou: "minha profissão é roubar. É o que sustenta a minha família, portanto, fora de questão seguir asteya. A bebida é a minha única fonte de prazer, e tampouco vou largá-la. Ou seja, que nem shauchan nem tapas. Mas, deixar de mentir não vai me custar tanto. Vou seguir satya." E assim foi que ele decidiu falar somente a verdade.

Uma noite, o nosso ladrão foi roubar o palácio real. Eis que o rei estava passeando pelo jardim após um dia entediante, buscando algo que lhe tirasse o vazio existencial. Os dois se encontraram e o rei pergunta: "quem é você?". O ladrão disse a verdade: "sou um ladrão e vim roubar o tesouro real."

O rei viu ali a possibilidade de viver a emoção e a aventura que estava procurando desde cedo, e então falou: "eu também sou um ladrão. E sei onde se guarda a chave da sala do tesouro. Façamos juntos o trabalho e dividamos o lucro". O ladrão concordou.

Os dois aventureiros entram no palácio, chegam na sala e dividem o tesouro. Porém, acham três enormes diamantes, que não podem ser divididos sem beneficiar um deles mais do que o outro. O ladrão, apelando para aquela generosidade que ocasionalmente conseguem ter os da sua profissão, diz: "fiquemos com um diamante cada, e deixemos o terceiro para o rei. Afinal, coitado, ele acabou de perder tudo." Ao separar-se no jardim, o rei pergunta ao ladrão onde ele mora, e fala da possibilidade de contatá-lo novamente para futuros "trabalhos". O ladrão fala a verdade.

No dia seguinte, o rei vislumbra a possibilidade de testar seu primeiro ministro. Chama-o e diz: "ontem à noite tive um sonho estranho. Sonhei que o tesouro fora roubado. Vá à sala conferir, pois um pressentimento está oprimindo meu coração."

O ministro entra na sala, vê o diamante que sobrou e pensa: "o nosso rei perdeu absolutamente tudo. Este único diamante não fará nenhuma diferença". Esconde a pedra preciosa sob a túnica e volta à sala do trono, dizendo que, efetivamente, o tesouro inteiro foi roubado. O rei manda prender o ladrão. Ao ser interrogado na frente do ministro, conta o acontecido: desde o encontro com o "colega" de profissão até o detalhe do diamante que eles deixaram na sala.

Desta forma, o rei descobre que o seu ministro não é de confiança, pois mente e rouba. Manda prendê-lo imediatamente. E, em seu lugar, nomeia primeiro ministro seu novo amigo, o ladrão. Este, dada a sua nova ocupação, deixou de roubar. E, como passou a ter outros prazeres, deixou igualmente de beber.

domingo, 16 de outubro de 2011

Satya - Segundo Yama


Veracidade.  Não mentir. Palavras e pensamentos em conformidade com os fatos.
Praticar satya significa ser honesto com nós mesmos e com os outros. Significa ter coerência em nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações.
A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele se arruina. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida. “Franz Kafka, in 'Conversas com Kafka'”


 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 SATYAMEVA JAYATE ( SOMENTE A VERDADE VENCE ) – escrito da bandeira da India

 

 

Um conto indiano para ilustrar o quanto é importante ficarmos atentos para discernir entre a realidade e a ilusão, entre a verdade e a mentira.

O elefante irreal.
Uma vez, um yogi vivia numa densa floresta com seus discípulos. Ele ensinava o desapego e repetia incessantemente para os estudantes que o mundo manifestado é pura ilusão, que a natureza é uma miragem e que somente o Ser tem existência real. 
Um dia, um elefante furioso e faminto atacou a ermida onde eles moravam. Todos os praticantes, junto com o professor, se refugiaram no alto de uma grande árvore enquanto o elefante se refestelava no estoque de arroz deles. 
Quando o animal foi embora, um estudante bastante perspicaz perguntou ao mestre: “Sempre aprendemos de você que o mundo é ilusório e que não tem existência real, mas não pude deixar de observar que, quando fomos atacados pelo elefante, você se refugiou junto conosco no alto da árvore. Se de fato o mundo é ilusório, não bastava ter ficado quieto no lugar enquanto a ilusão do elefante passava?” 
O mestre, sem perder a pose, respondeu: “Olha, nós sabemos que o mundo é uma ilusão, mas o elefante não sabe. Por isso, tive que fugir junto com vocês”.

Ahimsa - Primeiro Yama














O maior representante do Ahimsa  no mundo.



Não ser violento, não matar e não ferir as pessoas. A não violência se aplica aos nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações. Deve ser entendida também como compaixão  e respeito por si  mesmo e pelo próximo. Para superá-la temos que compreender  que a violência surge do medo, da fraqueza e da ignorância e para nos libertarmos é necessário uma mudança e uma  reorganização da nossa atitude mental.
 
No conto abaixo um bom exemplo  para aplicação do ahimsa

Nasrudin visita a Índia
O célebre e contraditório personagem sufi Mulla Nasrudin visitou a Índia. Chegou a Calcutá e começou a passear por uma de suas movimentadas ruas. De repente viu um homem que estava vendendo o que Nasrudin acreditou que eram doces, ainda que na realidade fossem chiles apimentados.
Nasrudin era muito guloso e comprou uma grande quantidade dos supostos doces, dispondo-se a dar-se um grande banquete. Estava muito contente, sentou-se em um parque e começou a comer chiles a dentadas. Logo que mordeu o primeiro dos chiles sentiu fogo no paladar.
Eram tão apimentados aqueles “doces” que ficou com a ponta do nariz vermelha e começou a soltar lágrimas até os pés. Não obstante, Nasrudin continuava levando os chiles à boca sem parar. Espirrava, chorava, fazia caretas de mal estar, mas seguia devorando os chiles. Assombrado, um passante se aproximou e disse-lhe:
- Amigo, não sabe que os chiles só se comem em pequenas quantidades?
Quase sem poder falar, Nasrudin comentou:
- Bom homem, creia-me, eu pensava que estava comprando doces.
Mas Nasrudin seguia comendo chiles. O passante disse:
- Bom, está bem, mas agora já sabes que não são doces. Por que segues comendo-os?
Entre tosses e soluços, Nasrudin disse:
- Já que investi neles meu dinheiro, não vou jogá-los fora.
O Grande Mestre disse: Não sejas como Nasrudin.
Toma o melhor para tua evolução interior e joga fora o desnecessário ou pernicioso, mesmo que tenhas investido muito dinheiro ou tempo neles.

Yamas

Yamas são as disciplinas éticas. Definem como devemos orientar as nossas relações com o mundo. Em grande parte dos textos sagrados elas são  relacionadas  em 10 regras. Patanjali nos Yogas Sutras as restringe a 5.

Ahimsa – Não violência
Satya –  Verdade
Asteya – Não roubar
Bramacharya – Contenções
Aparigraha – Não acumular

sábado, 15 de outubro de 2011

Uma Síntese do que é Yoga

Antes de qualquer coisa precisamos falar sobre Patanjali, sábio que viveu entre 200 a.C e 400 d.C.. Existem muitas lendas que o citam como a encarnação do deus Serpente Ananta,ou meio homem, meio serpente ou ainda uma serpente que desejando ensinar yoga ao mundo, caiu (pat) dos céus nas mãos abertas (Anjali) de uma mulher, que por sua vez o chamou de patandjáli. É considerado o autor dos Yogas Sutras compilados por volta de 150 d.C.. 
Os Sutras são usados para definir os elementos mais importantes da teoria e da prática do Yoga.

São 8 os passos progressivos estabelecidos pelo sábio Patanjali, para se alcançar a "união do Ser com o Todo", Yoga sutras II -29 e que devem ser seguidos por todo praticante de yoga. 

  • Yamas – Orientações éticas e morais de aplicação universal. Relação do homem com a sociedade.
Ahimsa (não violência); Satya (verdade – não mentir); Asteya (não roubar); Brahmacharya (Contenções); Aparigraha (não acumular)
  • Nyamas – São regras de atitudes aplicadas à disciplina individual. Organizam a vida interior e reestruturam a personalidade.
Saucha(pureza);Santosa(contentamento);Tapas(disciplina,austeridade); Svadhyaya (Auto conhecimento); Ishvara Pranidhana(Dedicação e entrega ao Divino).
  • Asanas – Posturas
  • Pranayamas – Controle da respiração
  • Pratyahara – Abstração dos sentidos
  • Dharana – Concentração
  • Dhyana – Meditação/ visualização
  • Samadhy – Bem aventurança / iluminação

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Trabalhando Duro

Um estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente:
- Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação!
Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?
A resposta do professor foi casual:
- Uns dez anos...
Impacientemente, o estudante completou:
- Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto!
Vou trabalhar duro!
Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?
O professor pensou um pouco e disse suavemente:
- Vinte anos.

Um Mestre e o Escorpião


Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se afogando e
decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou.
Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água
e estava se afogando. O mestre tentou tirá-lo novamente e outra vez o animal
o picou.
Alguém que estava observando se Aproximou do mestre e disse-lhe:-
Desculpe-me, mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar
tirá-lo da água ele irá picá-lo?
O mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é
ajudar.
Então, com a ajuda de uma folha, o mestre tirou o escorpião da água,
salvou sua vida, e continuou:
- Não mude sua natureza se alguém te faz algum mal; apenas tome
precauções.
Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Quando a vida te
apresentar mil razões para chorar, mostre-lhe que tens mil e uma razões
pelas quais sorrir.
- Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação.
Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os
outros pensam de você.
- E o que os outros pensam... É problema deles.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Yoga e sua aplicação no dia a dia


O yoga é uma filosofia prática de vida.  Não se resume a exercícios físicos, de respiração, concentração, meditação e de relaxamento realizados dentro de uma sala de aula. Todo esse trabalho nos leva ao auto conhecimento e nos proporciona uma melhor qualidade de vida. Conhecendo-nos melhor e nos preparando física e mentalmente podemos aplicar fora da aula tudo o que conseguirmos assimilar de melhor nos ensinamentos, vivenciando assim o yoga durante as 24 horas do dia. Não podemos encarar o yoga como terapia, mas nem por isso devemos ignorar os inúmeros benefícios decorrentes de sua  prática que deve ser feita com determinação, disciplina e muita consciência.
A prática de posturas (asanas) proporciona  alongamento e fortalecimento muscular, órgãos internos mais tonificados, melhora da circulação sanguínea com decorrente aumento da oxigenação de todas as células, fortalecimento dos ossos, do sistema nervoso e  glandular. Portanto, um corpo mais forte, flexível e saudável. Os efeitos psicológicos das posturas são inúmeros. Como exemplo:
Posturas feitas em pé: Ao construirmos uma postura em pé, precisamos deixar os pés, pernas, coxas e quadris firmes e bem colocados.  Isso favorece uma estabilidade emocional. O uso correto da musculatura organiza as nossas emoções.
Posturas de retroflexão (quando levamos a coluna para trás), propiciam abertura do peito, trazendo alegria, bem estar, auto confiança.
Posturas de lateralização nos dão uma maior flexibilidade em nossos pontos de vista.
Flexões(quando levamos  o corpo  para frente), nos mostram  o poder da entrega, da humildade e do relaxamento.
Torções nos ensinam que precisamos ver os dois lados de todas as situações.
Invertidas (cabeça em direção ao chão) por sua vez  fazem com que possamos ver as coisas e a vida por outro prisma.

A prática de técnicas de respiração (pranayamas) nos traz uma maior conscientização da importância da respiração em nossa vida.  A vida se faz com o sopro primordial e se desfaz com o sopro último. Como a respiração  é um processo fisiológico automático,pouco prestamos atenção ao ato de respirar. Conseqüentemente  a maioria das pessoas respira de forma incorreta. Com o Yoga reaprendemos a respirar de forma adequada, aumentando a nossa capacidade pulmonar, eliminando as toxinas com mais eficiência. Ao controlar a respiração, aprendemos  a controlar a mente, acalmando nossos pensamentos, sistema nervoso, batimentos cardíacos, diminuindo assim os níveis de ansiedade, perturbações emocionais e stress.
A prática de técnicas de concentração (Dharana) nos traz para o momento presente. Ensina-nos a ficar mais centrados eliminando assim a dispersão da nossa mente e a perda de energia. Aprendemos a nos focar em nossos objetivos e a seguir frente às intempéries.
A prática da meditação proporciona um maior entendimento de nós mesmos. Silenciando a mente entramos em contato com a nossa essência e assim nos tornamos autoconfiantes, mais humanos, mais compreensivos .
Finalmente o relaxamento  consciente faz com que o corpo absorva todos os benefícios da prática e então nos sentimos descansados e restaurados .
Portanto o conjunto de todos os passos que compõem o yoga  auxiliam na recuperação e ou manutenção física, mental, emocional  do praticante, favorecendo a sua saúde global.
De forma geral, (como dizem os mestres indianos) o Homem tem a mente fragmentada e o corpo sólido. O yoga nos proporciona uma mente sólida, firme, e um corpo fragmentado, flexível (como deve ser).
Como sabemos, o Stress é um estado de tensão que causa desequilíbrio no organismo de onde advém uma série de doenças, somatizadas. Essas tensões são criadas por uma não aceitação da nossa parte ao que se apresenta em nossas vidas e que fugiu do nosso controle. A prática do yoga nos ensina a lidar com os nossos desequilíbrios, limitações e frustrações. Mostra-nos a necessidade da mudança de nossos padrões de comportamento e crença e na forma de interpretar o mundo através de uma mudança interior criando sinapses , novas possibilidades e alternativas para nossas mentes, ações, reações e nossas escolhas na vida.
Vivenciamos o momento presente, sem apego ao passado ou preocupação com o futuro. Estar no passado ou no futuro  é um dos maiores fatores desencadeadores do stress. Com a pratica do yoga somos levados a viver  cada momento de forma plena e completa, favorecendo  assim para uma grande redução no nível de stress.

Exercícios respiratórios para redução do stress:  

1.“Respiração Quadrada”
Sentar numa posição confortável sobre uma almofada(pernas cruzadas) ou numa cadeira, com a  coluna ereta. Deixar o corpo firme, porém relaxado. Observar a respiração por alguns segundos .  Fazer duas respirações profundas e completas.
Iniciar a respiração quadrada: Inspirar em 4 seg.; reter pulmões cheios (4 seg); expirar em 4 seg; reter pulmões vazios (4 seg).  Repetir algumas vezes  enquanto se sentir confortável e quando decidir parar silenciar a mente e respirar profunda e completamente por 2 vezes.

2. ”Respiração Alternada”

Sentar numa posição confortável sobre uma almofada(pernas cruzadas) ou numa cadeira, com a  coluna ereta. Deixar o corpo firme, porém relaxado. Observar a respiração por alguns segundos .  Fazer duas respirações profundas e completas.
Deixar a mão esquerda sobre o joelho esquerdo e a mão direita vai controlar a entrada e a saída do ar pelas narinas.
Utilize o dedo anular para bloquear a narina esquerda e o dedo polegar para bloquear a narina direita. Pare ao sentir cansaço. Aos poucos, com a prática diária, vá aumentando as repetições.
- Expirar lenta e profundamente pelas duas narinas;
- Inspirar silenciosamente pela narina esquerda, bloqueando a narina direita;
- Parar por um ou dois segundos, não mais que isso, e
- Expirar silenciosamente pela narina direita;
- Quando os pulmões estiverem vazios, inspirar pela narina direita
- Aguardar um ou dois segundos e
- Expirar pela narina esquerda, lenta e silenciosamente;
- E assim sucessivamente.
Você deve inspirar pela narina que expirou. Essa é uma respiração que exige concentração;

3. “Respiração Consciente”

Sentar numa posição confortável sobre uma almofada(pernas cruzadas) ou numa cadeira, com a  coluna ereta. Deixar o corpo firme, porém relaxado. Observar a respiração por alguns segundos .  Fazer duas respirações profundas e completas.
Primeiro estágio: Respirar apenas observando o ritmo da sua respiração e pouco a pouco tornar a respiração o mais lenta e profunda possível.
Segundo estágio: Inspirar em 4 segundos e expirar em 6 ou 8 segundos, de acordo com a sua capacidade respiratória.

Wilma Musa


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ser zen - Monja Coen


Este texto é de autoria  da Monja Coen e o qual acho bastante significativo
Ser zen não é ficar numa boa o tempo todo, de papo para o ar, achando tudo lindo sem fazer nada.
Ser zen é ser ativo. É estar forte e decidido. E caminhar com leveza, mas com certeza. É auxiliar a quem precisa, no que precisa e não no que se idealiza.
Ser zen é ser simples. Da simplicidade dos santos e dos sábios. Que não precisam de nada. Nada mais que o necessário. Para o encontro, a comida, a cama, a diversão, o trabalho.
Ser zen é fluir com o fluir da vida. Sem drama, sem complicação. Na hora de comer come comendo, sem ver televisão, sem falar desnecessário. Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento. Sente a ternura (ou não) da mão que plantou e colheu, da terra que recebeu e alimentou, do sol que deu energia, da água que molhou, de todos os elementos que tornam possível um pequeno prato de comida à nossa frente. Sente gratidão, não desperdiça.
Come com alegria. Para satisfazer a fome de todos os famintos. Bebe para satisfazer a sede de todos os sedentos. Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.
A chuva, o sol, o vento.
O guarda, o policial, o bandido, o açougueiro, o juiz, a feiticeira, o padre, a arrumadeira, o bancário e o banqueiro, o servente e o garçom, a médica e o doutor, o enfermeiro e o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.
Ser zen é ser livre e saber os seus limites.
     Ser zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.
     Ser zen é hospitalidade, é ternura, é acolhida.
     Ser zen é o kyosaku, bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir, que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentindo a Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores, nossas alegrias.
     Ser zen é morrer
     Morrer para a dualidade, para o falso, a mentira, a iniqüidade.
     Ser zen é renascer a cada instante. Na flor, na semente, na barata, no bicho do livro na estante.
     Ser zen é jamais esquecer de um gesto, de um olhar, de um carinho trocado no presente-futuro­passado.
     Ser zen é não carregar rancores, ódios, cismas nem terrores.
     Ser zen é trocar pneu, as mãos sujas de graxa.
     Ser zen é ser pedreiro, fazendo e refazendo casas.
     Ser zen é ser simplesmente quem somos e nada mais. É ser a respiração que respira em cada ação. É fazer meditação, sentar-se para uma parede, olhar para si mesmo. Encontrar suas várias faces, seus sorrisos, suas dores. É entregar-se ao desconhecido aspecto do vazio. Não ter medo do medo. Não se fazer ou, se o fizer, assim o perceber e voltar.
     Ser zen é voltar para o não-saber, pois não sabemos quase nada. Não sabemos o começo, nem o meio, muito menos o fim. E tudo tem começo, meio e fim.
    Ser zen é estar envolvido nos problemas da cidade, da rua, da comunidade. É oferecer soluções, ter criatividade, sorrir dos erros, desculpar-se e sempre procurar melhorar.
    Ser zen é estar presente. Aqui, neste mesmo lugar. Respirando simplesmente, observando os pensamentos, memórias, aborrecimentos, alegrias e esperanças.
     Quando? Agora, neste instante. É estar bem aqui onde quando se fala já se foi. Tempo girando, correndo, passando, e nós passando com ele. Sem separação.
     Ser zen é Ser Tempo.    
Ser zen é Ser Existência.